O Projeto Mental Health: criação do Núcleo Estados Unidos – Brasil de Promoção à Saúde Mental

A promoção da Saúde Mental é um esforço multidisciplinar, que deve envolver diversas ciências e contar com a colaboração de vários profissionais. Cuidar das pessoas é uma tarefa que envolve comprometimento e responsabilidade. E quando o assunto é Saúde Mental, há uma significativa diferença na estrutura de atendimento.

Como é do conhecimento de todos, o paciente que sofre de alguma alteração mental pode ter dificuldade em expressar seus sentimentos e até mesmo relatar suas queixas. Por isso, durante muitos anos, o protocolo de atendimento desses pacientes não ouvia suas vozes, por não serem considerados relatos fidedignos. Dessa maneira, os pacientes com dependência química eram vistos como hábeis manipuladores de seus cuidadores, para que conseguissem liberdade para ter acesso aos entorpecentes obviamente proibidos em ambientes de tratamento. Já os que apresentavam algum tipo de patologia, eram desacreditados pelos cuidadores, em virtude dos delírios e alucinações inerentes aos momentos de crise característicos do quadro.

Entretanto, esse panorama foi expressivamente alterado pelo sistema de saúde dos Estados Unidos. O paciente passou a ser protagonista de seu tratamento e o universo anteriormente assinalado sob a ótica da doença mental passou a ser visto como saúde mental. Uma mudança bastante profunda que, obviamente, não se limitou a uma questão de terminologia. Houve uma profunda alteração no protocolo de tratamento, com significativos ganhos de qualidade de vida para os pacientes, bem como evoluções positivas em seus respectivos tratamentos. E isso só foi possível graças à junção de esforços ligados à Medicina e à Psicologia e Psicanálise, todos devidamente em práticas permitidas e aceitas dentro do panorama dos Direitos Humanos.

Nessa sistemática, o paciente tem sua subjetividade respeitada, sendo fator de grande importância para as condutas terapêuticas a serem ministradas. O protocolo atual de Saúde Mental pressupõe a participação ativa do paciente, seus anseios e expectativas de futuro, o que tem determinado uma adesão sensivelmente maior. Dessa forma, é possível construir um planejamento mais assertivo do tratamento, com melhores expectativas de resultados e humanização do processo de atendimento.

Esse modelo deve ser seguido mundialmente, servindo o sistema dos Estados Unidos como inspiração para os demais países. Para tanto, tornam-se necessários estudos e treinamentos a serem desenvolvidos para que haja a mesma eficácia na comunicação entre a Medicina, a Psicologia e a Psicanálise, todas devidamente regidas pela observação intransigente dos Direitos Humanos. Nesse sentido, a American School of Human Rights irá promover o Mental Health Project em todas as regiões do mundo em que for devidamente aceita, respeitada a soberania de cada nação.

Para iniciar este desafio, escolheu-se o Brasil. País continental, repleto de diferenças socioeconômicas e marcado pelo despreparo de elevado número de agentes estatais, os quais não foram adequadamente treinados para tratar os pacientes nessas condições. Sobre isso, trago aqui um caso emblema desse despreparo. O jovem José Vandeilson Silvina de Sousa, conhecido pela família como Vavá, com 17 anos de idade, lutava contra a Esquizofrenia no sistema público de saúde, com constante falta de remédios e nenhuma assistência em episódios de emergência. E foi em um desses episódios que a Polícia e o Conselho Tutelar foram acionados, tendo agido com violência e desrespeito à legislação humanitária, tendo sido levado o jovem para lugar incerto, à revelia da família, que até hoje não sabe de seu paradeiro.

Jovem negro, criado pelo avô que é lavrador no interior do estado do Maranho, Nordeste do Brasil. Quando mais precisou de ajuda do Estado, recebeu violência, truculência e abuso de autoridade. Tudo isso porque faltou treinamento e investimento em Direitos Humanos. Vavá foi e está sendo vítima do sistema. Um sistema de saúde defasado, composto por pessoas pouco comprometidas e dispostas a agir à margem da lei. O mesmo sistema, aliás, que permitiu que Policiais Rodoviários Federais torturassem e matassem Genivaldo de Jesus Santos, um portador de Esquizofrenia que foi brutalmente assassinado em uma abordagem policial no Estado de Goiás, Centro-Oeste do Brasil.

Para tentar mudar esse triste panorama, o Mental Helath Project lança aqui, com exclusividade para o Mental Health Affairs, o Núcleo Brasil-Estados Unidos de Promoção à Saúde Mental. Originado dentro da Universidade (Escola Americana de Direitos Humanos), contará com intelectuais americanos e brasileiros, unidos em diálogo acadêmico, para pensar soluções e alternativas para a acolhida e tratamento de pacientes, no âmbito da Saúde Mental. Além disso, serão oferecidos atendimentos psiquiátricos, psicológicos, psicanalíticos e jurídicos aos pacientes mais vulneráveis, assegurando-lhes o direito de receber um tratamento adequado, abrindo-lhes os horizontes para uma vida digna e saudável, como determinam os Direitos Humanos.   

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